Julho é o mês de conscientização sobre miomas uterinos, uma condição que afeta muitas mulheres no Brasil e merece atenção. Para esclarecer dúvidas comuns, conversamos com o médico Marcos Maia, ginecologista especializado em Ginecologia Oncológica e cirurgia minimamente invasiva.
O mioma, também conhecido como mioma uterino, é um tumor benigno que surge no útero, especificamente na estrutura muscular chamada miométrio. “Esses nódulos são relativamente comuns e se desenvolvem principalmente durante a vida fértil da mulher, por volta dos 40 anos”, explica o médico Marcos Maia. A causa exata dos miomas não é conhecida, mas está relacionada com o desequilíbrio hormonal.
Principais sintomas
Enquanto 75% das mulheres não têm sintomas e só descobrem a doença em exames de rotina, 25% apresentam os seguintes sintomas, de acordo com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo):
- Sangramento menstrual intenso e excessivo
- Sensação de peso na pelve
- Pressão na bexiga
- Dor na lombar e no abdômen
- Desconforto e cólicas abdominais
- Dor durante as relações sexuais
- Dificuldade para engravidar ou infertilidade
Características da doença
Miomas uterinos são nódulos firmes e esbranquiçados que podem variar em tipo, tamanho e localização. A Febrasgo estima que 80% das mulheres em idade fértil no Brasil sejam afetadas por miomas. “O mioma se desenvolve a partir de uma célula alterada que perde o controle sobre sua divisão, e, sob a influência dos hormônios esteróides, começa a se proliferar,” explica o especialista. Os hormônios estrogênio e progesterona são os principais responsáveis por esse crescimento.
Fatores de Risco
Fatores como hereditariedade e raça podem aumentar o risco de desenvolver miomas. Estudos indicam que mulheres negras são mais propensas a ter miomas. Hábitos de vida, como consumo de álcool, obesidade e hipertensão, também influenciam.
Diagnóstico e Tratamento
A maioria dos miomas é descoberta durante exames ginecológicos de rotina, já que apenas 25% das mulheres apresentam sintomas. O tratamento depende dos sintomas e das necessidades da paciente, e as opções incluem:
- Tratamento farmacológico: Medicamentos que diminuem o crescimento dos miomas.
- Tratamento cirúrgico tradicional: Laparotomia, menos comum atualmente, mas indicada em casos específicos.
Mas são os tratamentos minimamente invasivos os mais indicados, de acordo com o ginecologista Marcos Maia. São eles:
- Histeroscopia cirúrgica: Endoscopia do útero via vaginal, para miomas localizados no endométrio.
- Videolaparoscopia: Procedimento com pequenas incisões, menor perda sanguínea e recuperação mais rápida.
- Cirurgia robótica: Semelhante à videolaparoscopia, assistida por robô.
- Embolização: Técnica endovascular que reduz a vascularização dos miomas, diminuindo seu tamanho e melhorando os sintomas.
Mioma Uterino Pode Virar Câncer?
“Não se desespere se foi diagnosticada com um mioma nos exames de rotina!”, tranquiliza Marcos Maia, ginecologista especializado em Ginecologia Oncológica e cirurgia minimamente invasiva. “Miomas são tumores benignos e muito raramente evoluem para câncer. Eles não aumentam os riscos de câncer, mas podem causar outras complicações.”
Alguns sintomas possíveis incluem sangramento menstrual aumentado, anemia, dor pélvica, vontade frequente de urinar, constipação e dores nas costas e nas pernas.
Miomas Podem Prejudicar a Gravidez?
A maioria dos miomas não causa dificuldades para engravidar, nem provoca abortos espontâneos. No entanto, dependendo de sua localização, quantidade e tamanho, eles podem interferir na fertilidade. “Os miomas submucosos são os que mais podem interferir na fertilidade,” explica o especialista. “Quando localizados próximos ao orifício tubário, eles podem obstruir a passagem dos espermatozóides, dificultando a fecundação. Miomas volumosos podem comprometer a cavidade uterina, dificultando a nidação ou prejudicando o desenvolvimento fetal, aumentando os riscos de abortos recorrentes ou partos prematuros.”
Todo Mioma Precisa Ser Operado?
Nem todos os miomas necessitam de cirurgia. A intervenção é geralmente indicada em casos de sintomas intensos, como hemorragias, dores severas, ou úteros muito volumosos. “A retirada do mioma (miomectomia) também é indicada para pacientes que desejam preservar a fertilidade,” diz Marcos Maia.
Os miomas uterinos são comuns e, na maioria das vezes, não causam sintomas graves. No entanto, é essencial o acompanhamento médico para determinar o melhor tratamento para cada caso. Para mais informações sobre miomas e tratamentos, consulte sempre seu ginecologista.
Sobre o médico Marcos Maia
Marcos Maia é médico ginecologista formado pela Universidade São Camilo (2016) com Residência em Ginecologia e Obstetrícia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE, 2017-2020) e também especialização em Oncologia Ginecológica (IBCC, 2020-2022).
É, também, especialista em Patologia do Trato Genital Inferior (PTGI) pela Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGI) e em Endoscopia Ginecológica e Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo – TEGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Possui especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (Fundação Getúlio Vargas, 2021-2022).
Sempre buscou aprimoramento profissional na área da saúde da mulher e políticas de saúde pública. Organizador e co-autor do Guia Prático de Saúde da Mulher e com participação na elaboração de capítulos do livro: sobre Epidemiologia e Saúde Coletiva.
