Doença está diretamente associada à menopausa e atingiu 7,8 mil mulheres no Brasil em 2022. Especialista alerta: sangramento após os 50 anos indica grandes chances de diagnóstico para este tipo de câncer
Em entrevista recente, a atriz Marieta Severo, de 76 anos, revelou que foi diagnosticada com câncer do endométrio. A artista contou que o diagnóstico aconteceu em estágio inicial, sendo possível começar o tratamento antes de qualquer complicação. Contudo, ela optou pela retirada do útero e dos ovários para não haver novas manifestações da doença. A atriz foi convidada para ser madrinha da campanha Setembro em Flor, promovida pelo grupo EVA, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), para alertar sobre os riscos dos tumores ginecológicos.
O câncer endometrial, ou do endométrio, é um dos tumores ginecológicos mais frequentes e está diretamente associado à menopausa. “A doença se manifesta principalmente em mulheres após a menopausa, em geral, acima dos 50 anos. Muitas delas acreditam que quando há sangramento após esse período pode significar a volta da menstruação, mas isso não acontece”, explicou Marcos Maia, médico especializado em Ginecologia Oncológica. Apenas 20%, ou menos, das mulheres com câncer de endométrio estão na fase de pré-menopausa. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos de idade.
“O câncer de endométrio é um tumor altamente curável na maioria dos casos, para isso, é preciso o diagnóstico precoce. O autoconhecimento da mulher sobre os sinais que o seu corpo emite assume um papel importante neste contexto. Sangrar após a menopausa e com mais de 50 anos pode significar baixo nível do hormônio estrogênio, o que gera atrofia endometrial, ou pode também indicar diagnóstico do câncer de endométrio, um revestimento interno do útero”, esclareceu o especialista.
Segundo o INCA, foram 7,8 mil casos no Brasil e quase duas mil mortes em 2022. O câncer endometrial é apenas uma das várias formas de câncer que podem afetar o corpo uterino.
Os principais sinais e fatores de risco
Um dos principais fatores de risco para o câncer endometrial é a exposição prolongada ao estrogênio sem a oposição adequada do hormônio progesterona. “Durante a menopausa, os níveis de estrogênio permanecem relativamente estáveis ou podem aumentar devido à conversão de estrogênio a partir de outros tecidos do corpo. Isso pode criar um ambiente favorável para o crescimento das células cancerígenas”, explicou o médico Marcos Maia.
Mulheres que entram na menopausa mais cedo do que a média têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer endometrial, pois seus níveis de estrogênio podem permanecer elevados por mais tempo.
Obesidade, terapia de reposição hormonal na fase da menopausa, hipertensão arterial e diabetes, nuliparidade, ou seja, nenhuma gravidez durante a vida, dietas ricas em gordura animal e histórico familiar de câncer ginecológico também favorecem o desenvolvimento da patologia.
O diagnóstico geralmente envolve uma biópsia do endométrio para confirmar a presença de células cancerígenas.
As melhores formas de prevenção são a prática regular de atividade física, e evitar justamente esses riscos.
Tratamento Avançado para Combater o Câncer de Endométrio
De acordo com o especialista em Ginecologia Oncológica, o médico Marcos Maia, as opções de tratamento podem variar de acordo com o estágio da doença e a saúde geral da paciente. “A cirurgia é frequentemente o primeiro passo no tratamento do câncer de endométrio para que haja a remoção do útero (histerectomia), dos ovários e das trompas”, destacou.
A radioterapia pode ser usada para destruir células cancerígenas remanescentes ou indicada para pacientes que não são candidatas à cirurgia. Em casos avançados ou quando o câncer endometrial se espalhou para outras partes do corpo, a quimioterapia pode ser recomendada.
“Contamos, ainda, com a Terapia Alvo, que são terapias direcionadas a alvos específicos nas células cancerígenas e estão se tornando cada vez mais importantes no tratamento deste tipo de câncer. Elas podem ser usadas isoladamente ou em combinação com outros tratamentos”, explicitou o especialista.
Por fim, a imunoterapia é uma abordagem promissora para combater as células cancerígenas, e que está sendo estudada como uma opção de tratamento para esta e outras doenças.
“É importante destacar aqui que a detecção precoce da doença desempenha um papel vital na eficácia do tratamento. Exames de rotina e a atenção aos sintomas, como sangramento vaginal anormal, são essenciais neste sentido. E fica o alerta: se você tiver preocupações sobre o câncer de endométrio, consulte um profissional de saúde para avaliação e orientação adequada. A prevenção e o tratamento adequados podem fazer diferença significativa na luta contra essa doença”, finalizou Marcos Maia.