Teste molecular para rastreio de câncer de colo do útero garante diagnóstico mais rápido e preciso

Teste molecular para rastreio de câncer de colo do útero garante diagnóstico mais rápido e preciso

Já disponível no SUS, a testagem permite identificar a presença persistente do HPV, principal fator para a progressão da doença

O Brasil tem a oportunidade de eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública até 2030, caso implemente com sucesso o novo Plano Nacional para a Eliminação do Câncer de Colo de Útero. A estratégia, que prevê melhorias no rastreamento, tratamento e ampliação da vacinação contra o HPV, busca reverter um cenário preocupante: esse é o terceiro tipo mais prevalente de tumor entre as mulheres brasileiras e a quarta maior causa de morte, com cerca de 17 mil novos casos e aproximadamente 7 mil óbitos por ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

É fundamental destacar que este tipo de câncer pode ser evitado na maioria dos casos, o que ressalta a importância de educar e conscientizar a população sobre medidas preventivas”, destaca Marcos Maia, ginecologista e especialista em Ginecologia Oncológica.

Quase 100% dos casos da doença são causados pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus com mais de 200 tipos, sendo os subtipos 16 e 18 responsáveis por 70% dos diagnósticos. Um dos maiores desafios é o fato de que quase 65% das pacientes só descobrem a doença em estágio avançado, reduzindo as chances de um tratamento eficaz.

Marcos Maia reforça a importância dos exames preventivos, além da vacina contra o HPV: “uma das principais inovações no Brasil é a incorporação do teste molecular para detecção do HPV no Sistema Único de Saúde (SUS), substituindo gradualmente o exame citopatológico, o popular Papanicolau. Esse teste permite identificar a presença persistente do vírus, fator crucial para a progressão da doença”, explica.

Estudos indicam que o método pode reduzir em 46% os casos de câncer e em 51% a mortalidade, superando os índices de efetividade do exame citopatológico. O público-alvo são mulheres entre 25 e 64 anos, principalmente aquelas que nunca realizaram exames preventivos. 

Além da alta eficácia na detecção e diagnóstico precoce, a testagem molecular permite ampliar o intervalo entre os exames. “Atualmente, o rastreamento é feito pelo exame Papanicolau, que deve ser realizado a cada três anos, e anualmente em casos de alteração. Com a nova tecnologia, a recomendação é de um exame a cada cinco anos, facilitando o acesso e promovendo maior adesão ao rastreamento”, explica Marcos Maia.

Recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS),  a testagem é considerada o padrão ouro para detecção do câncer de colo de útero e integra as estratégias para eliminação do câncer do câncer de colo de útero como problema de saúde pública em 5 anos. A incorporação foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou a tecnologia a mais precisa já ofertada no SUS.

Como fazer o teste molecular?

O exame é realizado por meio da coleta de uma amostra do colo do útero, semelhante ao exame Papanicolaou, realizado em consultório e, depois, enviado para análise em laboratório. Para realizar o teste, a mulher precisa procurar uma unidade de saúde básica em sua região e informar-se sobre a disponibilidade e o agendamento da coleta na Secretaria de Saúde do município.

A testagem molecular é uma alternativa eficaz para a prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero, permitindo um diagnóstico mais rápido e preciso do HPV, principal causador da doença.

HPV e a importância da vacinação

O HPV é o principal responsável pelo câncer de colo do útero. A infecção persistente por certos tipos do vírus pode desencadear alterações celulares cancerígenas. A vacina contra o HPV, oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pode prevenir até 70% dos casos da doença.

Estudos recentes também sugerem que uma única dose da vacina pode ser tão eficaz quanto o regime de duas ou três doses. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou um esquema de dose única para meninas entre 9 e 20 anos, buscando ampliar a cobertura vacinal globalmente.

Homens também têm um papel na prevenção

Uma pesquisa, também publicada na revista The Lancet Global Health revelou que quase um terço dos homens acima dos 15 anos está infectado com pelo menos um tipo de HPV genital, sendo um em cada cinco portador de uma cepa oncogênica. Isso destaca a necessidade de incluir os homens nos esforços de prevenção, promovendo a vacinação e o uso de preservativos.

“A infecção pelo HPV é silenciosa e pode levar a várias complicações. A educação e a conscientização são fundamentais para reduzir a incidência da doença”, pontua Marcos Maia.

A importância do Ginecologista Oncológico para o tratamento

Uma vez identificado o câncer de colo de útero, o especialista em Ginecologia Oncológica é capacitado para exercer ações e procedimentos de alta complexidade, como os cirúrgicos, e acompanhar a paciente em seu tratamento. 

“O tratamento dos cânceres ginecológicos vão desde um tratamento cirúrgico, como também quimioterapia, radioterapia e até imunoterapia, uma modalidade bem moderna e que dá bons resultados para alguns tipos”, explicou Marcos Maia.

Ainda de acordo com o especialista,  o Ginecologista Oncológico tem a capacidade técnica de prescrever o melhor tratamento. Às vezes, é indicada uma quimioterapia antes da cirurgia, como nos casos de câncer de ovário. Outras vezes, já vai direto para a cirurgia. Em outros casos, o procedimento cirúrgico nem é indicado a princípio. A paciente pode se beneficiar muito com apenas radio e/ou quimioterapia.

O tratamento envolve muitas coisas, inclusive o estadiamento da doença. Trata-se da extensão do tumor, o perfil clínico da paciente, se ela está bem de saúde, se tem alguma comorbidade. Mas tudo isso é conversado com ela e, às vezes, com a família também, para que haja a indicação do melhor protocolo”, finalizou o especialista.

Sobre o médico Marcos Maia

Marcos Maia é médico ginecologista formado pela Universidade São Camilo (2016) com Residência em Ginecologia e Obstetrícia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE, 2017-2020) e também especialização em Oncologia Ginecológica (IBCC, 2020-2022). 

É, também, especialista em Patologia do Trato Genital Inferior (PTGI) pela Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGI) e em Endoscopia Ginecológica e Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo – TEGO  (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Possui especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (Fundação Getúlio Vargas, 2021-2022).

Sempre buscou aprimoramento profissional na área da saúde da mulher e políticas de saúde pública. Organizador e co-autor do Guia Prático de Saúde da Mulher e com participação na elaboração de capítulos do livro: sobre Epidemiologia e Saúde Coletiva.

Instituto Maia

Instituto Maia: Cuidando da Sua Saúde, Especialistas em Saúde da Mulher

Pesquisar

Marque sua Consulta

Nós ligamos para você!

Agende sua Consulta

Cuide da sua saúde, agora mesmo.

Preencha o formulário e converse com a nossa secretaria:

Deixe seus dados!

Entramos em Contato.

plugins premium WordPress